A primeira Webquest que construí foi uma Webquest de curta duração. Optei por este tipo de webquest de forma a respeitar as recomendações de Dodge (1995), que sugere que se inicie por uma WebQuest simples, com carácter disciplinar e de curta duração.
A construção obedeceu a várias fases desde a escolha do tema, passando pela pesquisa de sites, a incluir nos recursos até ao aspecto gráfico.
A fase que me deu mais trabalho foi a definição do aspecto gráfico, uma vez que tenho um grande "defeito", sou demasiado perfeccionista. Modifiquei várias vezes as cores, o tipo de letra, as imagens, a posição do menu (horizontal/vertical) …
Enfim, a construção da Webquest foi uma actividade desafiante e estimulante. Permitiu uma reflexão acerca da minha prática lectiva e reforçou a vontade de mudança de metodologias tradicionais por metodologias construtivistas da aprendizagem.
Mas infelizmente, esses trabalhos têm vindo a perder-se ao longo dos anos, devido às “desgraças” que têm acontecido com o meu computador (vírus, esquecimento dos Backups, novas instalações…).
Uma boa forma de evitar que estes bons trabalhos se percam, seria a criação de um Repositorium, onde cada escola colocaria todos os seus trabalhos, dando assim a possibilidade de serem consultados por quem frequenta a escola, mas também por todos os professores a nível nacional ou até internacional.
As boas práticas lectivas não devem ficar limitadas a quem as pratica, devem ser divulgadas e partilhadas, para que os bons exemplos sejam postos em prática por outros professores, noutras escolas e noutros países.
Professores com poucos conhecimentos a nível informático podem construir, sem gastar muito tempo, recursos multimédia, como por exemplo os questionários interactivos. Já não chega dizer: “não faço porque não tenho conhecimentos suficientes para isso”, há necessidade de encontrar outra desculpa para não o fazer, uma vez que existem softwares livres (freeware) que permitem a qualquer professor sem conhecimentos em programação, criar questionários interactivos sem grandes esforços.
O HotPotatoes e o QuizFaber são dois bons exemplos de programas para criação questionários interactivos. Para quem os experimentar, verificará que são muito semelhantes embora possuam algumas diferenças.
Estes programas guardam os questionários em formato HTML, o que permite a sua publicação na Internet ( no site da escola, nas páginas pessoais e blogues dos professores,…) e consequentemente a possibilidade de todos os alunos terem acesso a esses questionários em qualquer ponto de acesso à Net. Podem perguntar: e se os alunos não tiverem Internet? Embora não pareça, também é fácil resolver esse problema. As páginas HTML criadas pelos programas podem ser guardadas num DVD, CD-Rom ou Pen drive e ser utilizadas em qualquer computador que possua em Browser (Internet Explorer ou outros).
Uma boa oportunidade de utilização destes programas é a criação de uma base de dados, agrupando os questionários por anos de escolaridade, por disciplina e por uma determinada temática, em que um conjunto de professores pode trabalhar de uma forma colaborativa.
Se me perguntarem qual dos dois programas é o melhor, direi que os dois se complementam, embora considere que o QuizFaber é mais fácil de utilizar. Mas tudo depende de quem os utiliza e da forma como se dedica à sua exploração.
Alguns exemplos:
Antes de fazer a visita, explorei o site do oceanário para me certificar do que consistia, quais as informações que disponibilizava e que possíveis dificuldades poderiam surgir aos alunos. Seguindo-se a elaboração de um guião de exploração da visita, que continha indicações de navegação e questões que os alunos tinham de responder e registar à medida que iam fazendo a visita.
Durante a exploração da visita, pude verificar que os alunos estavam bastante interessados e entusiasmados.
Após a visita pedi aos alunos que fizessem uma pequena reflexão sobre o que acharam da visita virtual.
Praticamente todos os alunos referiram que gostaram da visita, mas que preferiam uma “visita normal”, a excepção foram dois alunos que dizem não ter gostado por estar muito barulho na sala.
Penso que esta preferência está relacionada com o facto de as visitas de estudo implicarem a saída da escola e de proporcionar um dia completamente diferente do dia de aulas normal.
Apesar de esta visita virtual ao oceanário ter como objectivo conhecer a reacção dos alunos a este tipo de visitas, ela é um excelente recurso pedagógico para ser utilizada com alunos de 5º ano nas aulas de ciências, quando se aborda o tema da diversidade dos seres vivos, uma vez que fornece muita informação sobre diferentes aspectos relacionados com os animais e plantas desde o que comem, como é o seu corpo, aspectos relacionados com o seu habitat, etc...
Os alunos podem explorar a visita virtual utilizando um guião, que os vai orientar na forma como devem procurar a informação pretendida, ou então podem ser exploradas de uma forma livre.
As visitas virtuais podem estar relacionadas com organismos e instituições públicas, como por exemplo o oceanário, mas também podem ser construídas por professores.
Estas visitas não pretendem substituir todas as visitas ditas “normais”, mas apenas as visitas que por diversas razões não se podem realizar, como por exemplo as monetárias e/ou de distância. A meu ver não devem substituir, por completo, as visitas de estudo, uma vez que estas para além do carácter lúdico que possuem também têm uma componente pedagógica muito forte. Possibilitam aos alunos presenciarem in loco os fenómenos, manipularem e recolherem materiais quando se trata de uma saída de campo.
Os professores podem também utilizar as visitas virtuais para tomarem conhecimento do que um determinado local ou espaço lhes pode oferecer, preparando assim, antecipadamente, a visita de estudo ou então podem ser utilizadas para relembrar o que foi esquecido durante uma visita de estudo e/ou para acrescentar informação adicional.
De acordo com estudos realizados, verifica-se que muitos alunos ainda têm uma visão estereotipada do cientista (que está relacionada em muitos casos com os meios de comunicação social), vendo-o como uma pessoa individualista, desligada do mundo, que utiliza métodos milagrosos e infalíveis e que usa bata branca.
Os manuais de Ciências da Natureza de 2º ciclo abordam os conteúdos relacionados com a história da ciência, desculpem a expressão, “muito ao de leve”, mencionam a data de nascimento e de morte dos cientistas e fazem um pequeno resumo do seu trabalho.
Para colmatar esta lacuna dos manuais escolares e para mudar a concepção que os alunos têm dos cientistas, o professor poderia criar um blogue de apoio à disciplina, onde colocaria textos alusivos à vida e obra dos cientistas e links a outros blogues, sites e webquests relacionadas com a temática.
Naturalmente que poderiam ser acrescentadas outro tipo de informações necessárias e complementares à disciplina de ciências como: notícias do dia-a-dia, imagens sugestivas; endereços úteis, físicos ou electrónicos e relacionados com as temáticas em estudo; descrição dos trabalhos de grupo e indicação dos recursos a utilizar; resumos da matéria dada; indicação dos trabalhos de casa; exemplos de exercícios…
Segundo Gomes (2005), os blogues enquanto recurso pedagógico, para além de serem um espaço de disponibilização de informação por parte do professor, podem ainda ser um espaço de acesso a informação especializada.
Como professor de Ciências da Natureza de 2º ciclo, considero que os blogues são excelentes ferramentas pedagógicas de apoio ao processo de ensino/aprendizagem.
A construção e dinamização de um blogue pelos alunos, com acompanhamento do professor e relacionado com as temáticas em estudo, é um bom exemplo de exploração dos blogues como estratégia pedagógica na disciplina de Ciências da Natureza.
A sua operacionalização poderia ser feita da seguinte forma: numa primeira fase os alunos teriam de adquirir competências de utilização dos blogues e numa segunda fase criariam e dinamizariam o blogue.
De forma a despertar o sentimento de pertença, o título do Blogue poderia surgir através de um concurso, em que cada aluno sugeria um nome e o mais votado, seria o escolhido.
Para que os alunos possam colocar as mensagens (posts), o professor no início de cada unidade didáctica, colocaria várias questões relacionadas com as temáticas em estudo. Em grupo, os alunos escolheriam um determinado número de questões que gostariam de ver respondidas e procurariam responder com os conhecimentos adquiridos nas aulas e com pesquisas complementares em fontes bibliográficas.
No final de cada unidade didáctica os alunos publicariam as suas respostas e comentariam as dos colegas.
Penso que seria importante que o professor efectuasse uma leitura e corrigisse eventuais erros, antes de os alunos publicarem as mensagens.
Para que se possa ter uma ideia, deixo aqui alguns exemplos de questões que podem ser exploradas:
5º ano
- Que medidas foram tomadas para evitar os incêndios que assolaram o nosso pais? Se fosses um dos governantes tomarias as mesmas medidas?
- Quais são as causas mais frequentes da destruição das florestas?
- Como pode a floresta ajudar a resolver a crise energética?
- Quem descobriu a célula?
- A vida dos animais e das plantas pode ser afectada pelas alterações climatéricas?
- Comenta a seguinte afirmação: “ A água potável é o ouro do século XXI.”
- Quais são as consequências da poluição atmosférica para a saúde?
6º ano
- O que é a roda dos alimentos?
- Quantos alunos da nossa escola fazem uma alimentação saudável?
- Que conselhos darias aos teus colegas para estes terem uma boa higiene oral?
- Que importância tem a ciência e a tecnologia na saúde?
- O que é a fecundação in vitro?
- Que conselhos darias aos teus colegas em relação à exposição solar?
- Quais são as consequências do alcoolismo?
- Que substâncias existem no tabaco? Qual é a sua acção no organismo?
- Quais são os perigos das drogas?
- O que é a SIDA?
- O que descobriu Pasteur?
Embora os blogues não tenham sido criados com o intuito de serem utilizados em contexto escolar, muitos professores, têm vindo a demonstrar um maior interesse pela sua integração nas práticas pedagógicas como um meio, novo, de ensino/aprendizagem.
Dentro dos blogues escolares podemos encontrar blogues criados e dinamizados por professores e alunos de uma forma individual ou colectiva e blogues centrados em determinados conteúdos disciplinares e outros com carácter transversal. Existem ainda blogues que demonstram o trabalho realizado na escola, blogues com o formato de portfólio digital e blogues que pretendem representar na Web escolas, departamentos ou associações de estudantes (Gomes, 2005).
A exploração dos blogues em contexto educativo, ou mais especificamente em contexto escolar, permite o desenvolvimento da linguagem, do espírito crítico, da pesquisa e selecção de informação, de competências de utilização de ferramentas relacionadas com a web e de ferramentas de apoio à aprendizagem. Permite ainda uma interacção colaborativa entre os vários membros da comunidade educativa e estimula os seus participantes a reflectir.
Segundo (Ferding & Trammel, 2004), existem quatro vantagens da utilização de blogues em contexto escolar: ajuda os alunos a tornarem-se “peritos” nos conteúdos abordados pelos blogues; aumenta o interesse dos alunos e o seu sentimento de pertença em termos de aprendizagem; dá aos alunos oportunidades de participação; permite a abordagem de novas perspectivas, dentro e fora da sala de aula.
Segundo Ferdig e Trammel (2004), o termo “blogosfera” foi cunhado por Willian Quick em 2001.
Podemos designar por blogosfera como um espaço online onde os blogues, os seus autores (bloguer ou bloguista) e os visitantes interagem de forma a aprender, a ensinar, a partilhar, a divulgar e a comunicar.
De acordo com a sua temática os blogues podem denominar-se como moblogs, fotoblogs, vídeo-blogs, warblogs, cineblogs, travelblogs, …
Existe ainda um conjunto de blogues que de acordo com a sua natureza temática podem ser chamados de edublogues ou blogues educacionais, compreendendo blogues direccionados para actividades escolares focando conteúdos programáticos de um determinado nível de escolaridade e/ou de determinada disciplina e blogues com carácter extracurricular, embora não tenham sido idealizados tendo em vista qualquer tipo de exploração em contexto escolar, são fortemente educativos e passíveis de serem explorados como um recurso educativo adicional (Gomes e Silva, 2006).
Assim sendo, no conjunto geral temos a blogosfera que abrange todo o tipo de blogues, dentro da blogosfera temos a blogosfera educacional que encerra todos blogues direccionados para o contexto educativo e dentro desta temos a blogosfera escolar que abrange todos os blogues que são criados e mantidos por professores e/ou alunos de todos os níveis de ensino e relacionados com objectivos e actividades em contexto escolar.
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